Em um pequeno espaço vazio dentro de um terreno ocupado já por um hotel de praia, nossa equipe foi desafiada a criar um empreendimento que atendesse às demandas crescentes do bairro Canasvieiras, em Florianópolis. Os empreendedores, em forma de gentileza urbana, requalificaram a rua em frente ao seu hotel com recursos próprios, tornando o acesso à praia pelos pedestres uma transição bem mais agradável.

Tal requalificação fez despertar a vontade de complementar a qualidade da rua recém reformada com equipamentos de apoio aos visitantes. Para isso, fomos contratados para criar uma arquitetura que atendesse as demandas do cliente em união com as necessidades do próprio bairro.

Os requisitos principais eram que deveríamos contar com um espaço comercial, que fosse possível ter mesas na calçada, aproveitando o máximo do potencial do terreno e com uma infraestrutura de custo baixo para futuro aluguel.

Com esse briefing nossa equipe fez um estudo do entorno, observando o potencial turístico da região, os acessos possíveis da rua, para a praia e o bairro; a área de influência e os equipamentos próximos. Foi constatado que há uma grande quantidade de comércio informal, como lojas de roupas, acessórios e artigos de praia e poucos restaurantes e mercados.

Identificamos o perfil do público que frequenta os arredores, destacando os próprios moradores locais, turistas brasileiros e turistas estrangeiros. Em segundo plano, vemos a possibilidade de atrair um público dos bairros próximos também.

Após essa pesquisa inicial, selecionamos os principais elementos arquitetônicos que deveriam compor o conceito do projeto para realizar uma arquitetura conectada com a rua e as pessoas. Alguns desses elementos são: lojas com máx. 6m de comprimento, vitrines abertas, diversidade de funções, abrigos contra o vento e oportunidades para brincar.

Com esses estudos e diversos brainstorms de conceituação, chegamos em um conceito de projeto que se resume na frase “O encontro do clima da praia com a modernidade urbana, traduzidos em experiências de compras e gastronomia”.

O partido arquitetônico se aproveita da existência dos edifícios ao redor do pequeno terreno e sua concepção inicia a partir da fachada cega do edifício aos fundos. Prevendo uma modularidade e fácil execução de obra, repetimos a dimensão deste elemento para cada uma das laterais, reproduzindo o jogo de telhado de duas águas para os módulos adjacentes. 

Nossa proposta é tornar este volume um elemento com diversidade de usos, bem relacionado à escala humana, dando ritmo para a fachada. Por isso, era importante ser um limite entre a rua, mas ao mesmo tempo convidar quem está nela para adentrar a edificação. Ao invés de um paredão de lojas, propomos um convite para entrar, com maior possibilidade de sombra, proteção do vento e chuva, além de acústica adequada. 

Esse convite se realiza como uma arquibancada que não só atrai mas incentiva a percorrer pelas lojas superiores e por fim, ficar nesse espaço por mais tempo, e com tempo de qualidade. Assim, a ideia é que a parte superior da edificação seja voltada para experiências de serviço sob medida, como ateliers, spas, etc. e a parte térrea com experiências diretas e acessíveis como lojas e restaurantes.

O elemento principal do projeto, a arquibancada, é uma gentileza arquitetônica para os transeuntes pois pode ser palco para shows, eventos, workshops, sessões de cinema, e também como área de estar fixa de alimentação.